Atendimento

25 anos de trabalho pela reinserção de jovens na sociedade

Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Pelotas comemora data com boa avaliação sobre o trabalho de ressocialização desenvolvido atualmente

(Foto: Carlos Queiroz) - Atualmente, a instituição atende 29 jovens entre 12 e 21 anos incompletos

Esperança por um futuro melhor. Ressocialização e reinserção. Uma nova oportunidade de vida. Tudo isso faz parte do dia a dia vivido dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo Regional (Case) de Pelotas, que completa 25 anos de trabalho hoje. A instituição, vinculada à Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado (Fase/RS), abriga autores de atos infracionais, entre 12 e 21 anos incompletos, exclusivamente do sexo masculino. Neste momento, 29 adolescentes estão no local.
O diretor da instituição, Maicon Escalante, resume que todas as ações do Case são voltadas para garantir a reinserção dos meninos na sociedade e, principalmente, no mercado de trabalho. “Nosso maior objetivo é fazer com que eles entendam o potencial de cada um, sempre direcionando eles para o mercado de trabalho para que, a partir desse ponto, eles tenham uma vida digna e com qualidade”, comenta. No período em que os jovens ficam na instituição, além de frequentar a escola, também participam de oficinas e cursos profissionalizantes.
Para a direção, a instituição vive um momento muito bom, com tranquilidade e um bom suporte oferecido aos meninos, com médico psiquiatra, dentista, advogado, psicóloga e outros. Para o diretor, um dos grandes desafios ainda enfrentados pelo trabalho de ressocialização diz respeito ao momento em que os jovens se deparam com o mundo fora do Centro. “Se esse adolescente teve um período aqui, saiu com a cabeça boa, mas lá fora não tem uma estrutura ou base firme e vai voltar para o mesmo convívio de antes, ele corre risco de acabar cometendo as mesmas coisas”, observa.

Olhar para o futuro
No último dia no Case, prestes a retomar a liberdade, um dos jovens conta o que espera daqui para a frente. “Quando eu vim da rua, eu era envolvido. Agora eu tô saindo daqui querendo uma vida nova, arrumar um serviço e criar meu filho”, conta. No período que passou no Centro, ele diz que participou de todos os tipos de oficinas, como origami, xadrez e crochê. “A gente aprende de tudo aqui. Por um lado é ruim porque a gente tá longe da nossa família. Mas por outro lado é bom porque aprendi coisas que nunca ia aprender na rua. É uma coisa que eu vou levar pra minha vida”, reflete.
A vice-diretora do Case, Gabriela Montanelli, garante que dar uma nova oportunidade e visão de futuro para os meninos é o principal objetivo. “Parece clichê, mas é gratificante ouvir eles dizendo isso. Eles são inteligentes e têm muito potencial”, diz Gabriela. Segundo ela, a tarefa é desafiadora, mas não é impossível. “Nosso desafio é ressocializar o maior número possível de adolescentes. Tem várias oportunidades e chances aqui dentro se eles quiserem”, observa.

Educação para seguir em frente
Nas paredes da Escola Estadual de Ensino Médio Dom Antônio Zattera, que fica dentro do complexo do Case, a frase ‘a educação liberta’ chama a atenção. Segundo a coordenadora pedagógica da escola, Regina Proença, que trabalha na instituição há 13 anos, esse é o lema que rege as atividades escolares dentro do Centro. “Nossa escola trabalha, claro, no processo cognitivo e na aprendizagem. Mas o nosso foco mesmo é o desenvolvimento de valores, para eles entenderem que, para viver em sociedade, a gente precisa ter regras”, observa.
Para Regina, a relação estabelecida com os alunos é muito produtiva e, apesar dos desafios, o trabalho rende bons frutos. “A gente consegue trabalhar muito bem com eles. Eles respondem as atividades, fazem cartazes, criam músicas. A gente procura não falar sobre os delitos. Nós não somos da Justiça, isso eles dão conta lá fora. Aqui a gente quer atividade, quer que eles aprendam e evoluam”, comenta Regina.

Trabalho premiado
No início deste mês, a sensibilidade do olhar de um dos adolescentes do Case Pelotas chamou a atenção e recebeu, inclusive, uma premiação no concurso literário organizado Diretoria Socioeducativa da Fase e que conta com participantes de todos os centros do Estado. Com autorização da Justiça, o jovem foi até Porto Alegre, acompanhado do diretor do Centro, para receber o prêmio de segundo lugar, da categoria produção gráfica, pelo desenho intitulado Quem Ama… Cuida. “Eu pensei em fazer um desenho sobre o mundo, sabe. Sobre a natureza. Foi bom, fiquei muito feliz”, conta o jovem sobre a inspiração do desenho.
A pedagoga do Case, Marisa Silveira, acompanhou o trabalho do menino e afirma que se encantou com a produção assim que a viu. “Ele tem muita habilidade com desenho e participou da categoria de produção gráfica. Quando eu peguei o desenho dele, me chamou atenção porque era um desenho perfeito de um menino, muito colorido, com aquele título”, relembra. Segundo ela, esses momentos marcam positivamente o processo de ressocialização dos jovens. “Foi muito legal. Quando ficamos sabendo do resultado, antes da premiação, recebemos ele na escola com uma surpresa, foi bem legal. É um incentivo, é uma coisa concreta. Eu disse para ele, depois, como isso mostrava que ele é capaz de coisas bonitas”, comenta.


Comemoração dos 25 anos
Internamente, o aniversário do Case vai proporcionar diversas atividades comemorativas, como torneio de tênis de mesa, bingo, futsal e xadrez, além de palestras, concurso literário e formatura dos jovens no curso de comidas de boteco, realizado em parceria com o Senac. “Neste mês, estamos fazendo várias atividades das oficinas que eles participam o ano inteiro, o xadrez é uma delas”, comenta o educador físico responsável pelas atividades, Luiz Inácio Machado.
Para ele, as atividades são fundamentais para desenvolver o lado afetivo dos jovens. “Tanto o esporte, como a cultura e a arte, são fundamentais para o ser humano, para a humanidade de cada um. Também tem todos os ensinamentos que o esporte traz, como a solidariedade e a perspectiva de poder tirar lições, tanto nas derrotas quanto nas vitórias”, avalia.

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